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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A HISTORIA DE SANTA FELICIA


Informa uma antiga lenda Jacobea, uma curiosa história relacionada com Santa Felicia e seu irmão Guillermo. Santa Felicia uma jovem e bela, era filha da poderosa casa provençal dos duques de Aquitania, figura entre os devotos da nobreza européia medieval que fizeram a peregrinação a Santiago.
Conta à lenda, que um belo dia a jovem com somente 17 anos, decidiu peregrinar a Santiago de Compostela. Seu pai e seu irmão, preocupados com os perigos que poderia correr à jovem com tão pouca idade, tentaram convencer a não efetuar a peregrinação. Nada pode demovê-la do seu intento e em uma certa manhã se pôs a caminho acompanhada de um importante séquito.
Durante a viagem tomou contato com milhares de peregrinos famintos, doentes e muitos com os corpos deformados a procura da redenção de seus pecados. Dormiu em albergues caros, no entanto visitou locais aonde hospedavam os indigentes, enfrentou a morte e ajudou curar feridos nos hospitais.
Cabeça de San Guillermo
Seu coração ia se transformando a medida que avançava em direção à tumba do Apóstolo Tiago. Quando chegou a Compostela, sua decisão já havia sido tomada. Enviou uma carta a seus pais por um peregrino que retornava a Aquitania. “Amados padres y hermano mio. Mi vida está en la oración y en el trabajo. No regresaré ao lujo de la corte. Os quiere, Felicia”.
Na volta de sua viagem, já como peregrina Felicia decidiu desfazer-se de todas as suas possessões mundanas e ficar como eremita no pueblo de Amocain, dedicando-se ao serviço dos peregrinos jacobeos que passavam por aquela região.
Ao saber da decisão da santa mulher, seu irmão Guillermo, o poderoso duque de Aquitania, a mando do seu pai, saiu em sua busca, e ao encontrar, pobre e humilde naquele rincão afastado na Espanha, morando em uma pequena ermida que ela própria construiu com suas mãos para cuidar dos pobres e louvar a Deus, rogou e suplicou com lágrimas nos olhos que voltasse a sua vida anterior no rico ducado de sua família. Quando esta se negou a cumprir com o mandato de seu pai, Guillermo, cheio de raiva e arrebatado por uma insana loucura, matou-a a punhalada no interior da ermida.
A duque, voltando a si e vendo seu crime, arrependeu-se a ponto de ir a Roma pedir perdão ao Papa, que, como penitência, obrigou-o a efetuar a peregrinação a Compostela. Depois de efetuar por sua vez a peregrinação à tumba do Apóstolo, no seu regresso, tocado pelo arrependimento e pela fé, permaneceu em Obanos morando na ermida que sua irmã havia construído, continuando as obras pias que havia começado com a sua santa irmã. Chorou seu grande pecado até a sua morte. Atualmente um humilde sulco a beira do caminho que sobe a Ermida de Santa María de Arnoteguí, recorda estes feito, bem como a presença dos restos da antiga ermida de Santa María.
O corpo de Santa Felícia encontra-se hoje na aldeia de Labiano, ao norte de Pamplona e o de seu irmão está na capela de Arnoteguí, onde passou o resto de sua vida em penitência.
Anualmente em Obanos se representa a peça “El misterio de Obanos”, uma dramatização da lenda dos Santos Felicia e Guillermo, escrita pelo Canónigo Don Santos Beguiristáin, oriundo de Obanos. Na sacristia da igreja de San Juan Bautista, também em Obanos, conserva-se como relíquia o crânio de San Guillermo moldada em prata. Por uma tradição original, todos os anos, na quinta feira da Páscoa, distribuem-se no pueblo vinho com água passado pela venerável relíquia.
O crânio de San Guillermo, moldado em prata, possui grandes orifícios na parte alta e na sua parte inferior. Colocado em um altar improvisado, derrama-se vinho pelo furo superior que é recolhido quando sai pela base, sendo o mesmo distribuído a todos aqueles que na ocasião estiverem presentes. Diz-se que esse vinho, consagrado pela passagem através do crânio do santo, possui propriedades curativas para muitas das enfermidades.

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